Psicológico

A queda da relação entre depressão e falta de serotonina

A queda da relação entre depressão e falta de serotonina

A queda da relação entre depressão e falta de serotonina

Uma revisão sistemática realizada por investigadores no University College London provocou uma agitação na comunidade científica e nos meios de comunicação social em todo o mundo.

Os autores da revisão refutam a explicação de que a depressão é o resultado da redução dos níveis de serotonina. A teoria do desequilíbrio químico não foi aceita por muitos psiquiatras durante algum tempo, mas tem prevalecido na prática médica durante décadas e ainda é utilizada por muitos para explicar os mecanismos da depressão.

Segundo esta teoria, a doença é causada por um desequilíbrio bioquímico nas principais monoaminas do cérebro, tais como serotonina, dopamina e norepinefrina. Estas substâncias atuam como neurotransmissores e são como ‘mensageiros’ entre duas ou mais células nervosas.

Portanto, a depressão pode ser tratada através do equilíbrio dos níveis de neurotransmissores com antidepressivos que inibem a reabsorção destas monoaminas.

Os mecanismos fisiológicos que causam a depressão ainda não são exatamente compreendidos. Existem muitos fatores de risco com características biológicas, psicológicas e sociais que podem induzir ou exacerbar a depressão, tais como sofrer uma grande perda, ter familiar deprimido, privação socioeconômica ou abuso infantil.

Isto não significa que não haja desequilíbrio químico no cérebro que contribua para o desenvolvimento da depressão, mas é incorrecto dizer que é a única causa ou mesmo a origem de todos os casos.

Não há provas para dizer que “os desequilíbrios químicos simplesmente não existem”. Por exemplo, pode haver produtos químicos no cérebro que ainda não são conhecidos. O que podemos negar com confiança é que toda a depressão é causada por um desequilíbrio na serotonina e outros neurotransmissores afetados por antidepressivos.

Por outras palavras, como acontece com quase todas as perturbações mentais, não há uma resposta simples que explique a causa da depressão, como se acreditava há alguns anos atrás.

Neste sentido, a presente revisão em língua inglesa ajuda a esclarecer o fato de uma proporção significativa de doentes deprimidos não responder ao tratamento com antidepressivos monoaminérgicos que “equilibram” os neurotransmissores monoaminérgicos, como tem sido estudado e observado no campo da medicina clínica.

Por outro lado, é impossível afirmar que os antidepressivos não ajudam no tratamento da doença. Mesmo que os desequilíbrios bioquímicos não possam explicar a depressão, estes medicamentos melhoram os sintomas.

Na psiquiatria moderna, novas provas científicas surgidas nos últimos anos levaram a um entendimento de que a depressão e outras perturbações psiquiátricas são multifatoriais e requerem diagnóstico e tratamento individualizado que tenha em conta os fatores de vulnerabilidade do paciente, não existindo um remédio milagroso para cura.

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